As crianças abrem de vez em quando os mealheiros para comprar brinquedos.
As crianças portuguesas têm hábitos de poupança e começam desde tenra idade a juntar dinheiro no mealheiro, revelou o estudo "A Formação do Sentido de Poupança nas Crianças Portuguesas" realizado pela Área de Planeamento e Estudos de Mercado (APEME) para o Banco Espírito Santo e que será hoje apresentado. O documento mostra que os miúdos sabem e gostam de poupar: "Não se pode deixar as luzes todas acesas", disse uma das crianças.
"É fundamental ensinar os mais novos a poupar porque ajuda-os a saber gerir o dinheiro na idade adulta", explica ao CM a terapeuta familiar Cláudia Morais. "Mas só faz sentido quando os pais servem de exemplo", sublinha.
Catarina tem 11 anos e frequenta o 6.º ano de escolaridade. Recebe cinco euros por semana. "Geralmente compra uma revista juvenil e o resto guarda numa caixinha que tem no quarto para quando achar que vai precisar ", conta ao nosso jornal a mãe, Fátima.
"As semanadas/mesadas são importantes para as crianças perceberem o que custa ter as coisas", realça Cláudia Morais.
Céu Silva, delegada sindical da Fenprof para o ensino Pré-Escolar, é mãe e durante mais de duas décadas ajudou a educar crianças: "Os educadores não substituem os pais, o que nós tentamos explicar às crianças é que as coisas que eles querem não aparecem com toda a facilidade", comenta. A educadora está ciente de que não é fácil: "Muitas vezes basta as crianças pedirem que têm logo o que querem."
No estudo, que reflecte o ideal de crianças entre os 6 e os 13 anos, para os mais novos o multibanco "é uma máquina que dá dinheiro" enquanto os mais velhos ambicionam ter o seu próprio cartão. E a grande conquista é conseguir amealhar 22 euros, quantia que consideram bastante satisfatória.
EXPECTATIVAS NEGATIVAS
As perspectivas de poupança dos portugueses está "pelas ruas da amargura", a avaliar pelos dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE). Com efeito, o último relatório sobre a Confiança dos Consumidores revela que em Setembro as perspectivas sobre a poupança foram a "componente do indicador que apresentou a maior deterioração". Trata-se de um "novo mínimo para a série, no seguimento do movimento descendente iniciado em Março", concluiu o INE. Os portugueses parecem assim não ter boas perspectivas para os próximos tempos. Recorde-se que os portugueses reduziram a poupança de 3,3 por cento do PIB em 2005 para 1,7 por cento do PIB em 2006.
APONTAMENTOS
O QUE É O BANCO?
Para 67 por cento dos inquiridos um banco é "o lugar onde se guarda o dinheiro". Já 43 por cento das crianças acredita que é o local onde se levanta dinheiro.
QUANTO DINHEIRO?
Oitenta por cento das crianças sabe exactamente quanto dinheiro tem no mealheiro porque de vez em quando abre para contar.
ONDE GUARDAM?
Têm um mealheiro ou uma caixa onde guardam as poupanças 83 por cento das crianças. A maioria deixa-o no quarto, à vista.
AMOSTRA
Para o estudo "A Formação no Sentido de Poupança das Crianças Portuguesas" foram realizadas entrevistas a 263 crianças com idades entre os 6 e os 13 anos, residentes nas áreas da Grande Lisboa e do Grande Porto e pertencentes às classes socioeconómicas B e C1.
DEZ AVISOS SOBRE O ENDIVIDAMENTO
1. Discutiu com o seu/sua companheiro(a) sobre as contas?
2. Aumentou a percentagem do seu rendimento para pagamento de dívidas?
3. Está próximo ou atingiu o seu limite de crédito?
4. Pagou apenas o indispensável das contas habituais?
5. Atrasou consideravelmente o pagamento de contas?
6. Pediu crédito para pagar bens que costumava pagar a pronto?
7. Cancelou consultas médicas por razões financeiras?
8. Atingiu uma situação em que perder o emprego representaria dificuldades?
9. Corre o risco de perder o seu carro, os seus cartões de crédito ou foi ameaçado com outro procedimento legal?
10. Evita calcular a sua dívida total e receia vê-la aumentar?