A comunicação pode definir-se como uma troca de ideias, sentimentos e/ou experiências entre os indivíduos. Esta implica a figura do emissor (aquele que emite a mensagem) e do receptor (o que recebe a mensagem do emissor), o que faz com que esta comunicação seja bilateral.
Comunicar é diferente de informar. A acto de informar implica a emissão de uma mensagem, onde não existirá informação de retorno por parte do receptor, servindo só para pôr o indivíduo ao corrente de uma determinada situação.
Isto pode levar a interpretações incorrectas da mensagem que se pretende transmitir.
É importante pensar nesta questão, quando falamos nos meios de comunicação social e quando reflectimos sobre a influência que estes podem ter sobre as nossas crianças ou jovens.
A atractibilidade que os meios de comunicação social exercem sobre as nossas crianças é claramente evidente. Basta observarmos uma criança em frente à televisão. Chega a ser assustador verificar que esta se encontra, muitas vezes, num estado que se pode considerar "hipnótico", onde as cores, o som e o movimento tomam conta dos sentidos da criança.
As mensagens transmitidas por este meio são de tal formas poderosas que se tornam inquestionáveis, levando a um deturpamento do sentido crítico.
A nossa mente é constantemente bombardeada com informações claras, rápidas e de fácil absorção, semelhante à "fast-food".
Cabe aos pais, educadores e técnicos avaliar que tipo de influência os meios de comunicação exercem, pois não devemos, nem podemos, esquecer que é através das informações que o meio fornece que a criança vai coligindo o seu sistema de valores.
Cada série infantil e juvenil, que as crianças consomem diariamente, apelam muitas vezes à violência, à competição que não olha a meios para atingir os fins e ao individualismo, só para citar alguns exemplos.
E não só! Basta dar uma vista de olhos pelos anúncios, que interpelam cada série, que se pode verificar constantemente a sobrevalorização do valor do consumismo, onde tudo se compra e tudo se vende.
É necessário, por isso, analisar o conteúdo das mensagens que são transmitidas, e a que tipo de interpretações poderão ser sujeitas, pois uma determinada mensagem pode ser interpretada de diferentes formas, dependendo do indivíduo e do sistema de valores que o acompanha.
Há que reter que informar, ao contrário de comunicar, não permite uma "troca". Nesta situação, o julgamento do que se está a ouvir, ler e/ou ver, não é estimulado.
É da responsabilidade dos educadores estimular o sentido crítico da criança e acompanhá-la na "viagem" pelos meios de comunicação social, para que esta se proceda sem percalços, auxiliando na escolha do caminho mais adequado sempre que se encontre uma encruzilhada.
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Cadernos de Educação de Infância nº 77 - Março 2006