Os acidentes que envolvem crianças acontecem tendencialmente no primeiro dia de férias, enquanto as famílias se instalam nos locais que escolheram para passar uns dias ou no momento em chegam pela primeira vez à praia ou à piscina, alerta a Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI).
As conclusões são de um estudo realizado no Algarve durante os meses de Verão e servem de ponto de partida para o alerta da presidente da APSI.
"Antes de tudo o mais, faça um reconhecimento ao sítio em que vai viver por uns dias", avisa Sandra Nascimento, presidente da APSI. As férias por estarem muitas vezes associadas a deslocações da família para um outro local representam um risco acrescido para a ocorrência de acidentes. "Trata-se de um local desconhecido quer para adultos, quer para crianças. As famílias não estão conscientes dos riscos", explica Sandra Nascimento. "Muitas vezes, os acidentes acontecem quando as famílias ainda se estão a instalar, fruto da curiosidade da criança que está ávida para explorar tudo o que seja novidade", acrescenta.
"Há situações perfeitamente evitáveis e que acontecem quando os cuidadores se sentem mais libertos, em contexto de férias", concorda Fernanda Manuela Costa, directora do serviço de Pediatria do Centro Hospitalar do Porto. "As crianças ficam mais desprotegidas e mais expostas ao risco".
Recolha toda a informação possível antes de escolher o destino de férias. Faça uma avaliação prévia do destino de férias, propõe a APSI. Enumere as vantagens e desvantagens de cada local, de forma "a avaliar se, em função do risco de acidente, vale a pena ir". Assim, quando decidir o local das férias, poderá prepara-se melhor e tomar cuidados suplementares que considerar necessários para minimizar os riscos.
Como fazer esta avaliação?
Se for para uma casa alugada, procure saber se tem piscina e/ou poços e, se tiverem, se estão protegidos; se a habitação tem mecanismos que dificultem o acesso ao exterior. Informe-se do que existe à volta do local. Se for para um hotel, informe-se sobre o funcionamento da piscina, designadamente o horário e quais a limitações efectivas das crianças à piscina. Nos dois casos, informe-se dos meios de socorro existentes na localidade, da existência de praias vigiadas e de locais que sejam oportunidades de brincadeira, espaços onde as crianças e os jovens possam estar entretidos e ocupados. Tente perceber se existem rios, cursos de água, estradas e linhas de comboio. Se tem crianças até aos três/quatro anos, informe-se sobre as varandas. Na hora de escolher o local de férias, deverá ponderar todos estes elementos.
À chegada deve fazer-se um reconhecimento, sendo este procedimento especialmente importante no caso haver crianças já mais velhas. "A partir de determinada altura, as crianças só não fazem o que não querem", alerta Sandra Nascimento, para explicar a importância de se envolverem os miúdos desde sempre na aquisição de comportamentos defensivos.
Como fazer o reconhecimento do local à chegada?
Durante este reconhecimento, devem ser combinadas as regras de convivência e disciplina para as férias: horários; em que circunstâncias é que podem sair sozinhas (no caso das crianças mais velhas) ou se, simplesmente, nunca podem sair sozinhas. Tome atenção, se for para um meio rural, às máquinas agrícolas e aos produtos que podem causar intoxicações. Veja as piscinas e perceba de que forma é feito o acesso.
Na praia e na piscina, redobre os cuidados.
Controle e monitorize os movimentos das crianças quando brincam junto a uma piscina, que deverá ter sempre barreira físicas de protecção. Mesmo que os miúdos estejam a brincar fora de água, certifique-se que usam braçadeiras. Quando perto de piscinas ou perto do mar, os adultos devem estar sempre próximos e concentrados nas crianças. Garanta a escolha de uma praia vigiada e quando chegar explique sempre às crianças quem é o nadador-salvador, o que faz, e algumas das regras de segurança, como nadar sempre paralelo ao mar, nunca ir nadar sozinho e, se forem mais crescidos, que avisem sempre quando forem nadar. Se andar de barco, equipe sempre a criança com colete salva-vidas. Ainda na praia, evite as horas de maior calor, use chapéus de abas largas, não se esqueça do protector solar e dê a beber muita água às crianças.
Acresce à lista de alertas os acidentes rodoviários, que têm uma maior probabilidade de acontecer fruto do maior tráfego registado durante os meses de Verão. Sandra Nascimento lembra que nas viagens de carro as crianças não devem nunca ser transportadas ao colo. "A cada passageiro deve corresponder um lugar com cinto de segurança", recorda a presidente da APSI, que lembra também a importância de acondicionar bem a bagagem. "A 45 quilómetros/hora qualquer objecto solto dentro de um carro é projectado com um peso vinte vezes maior", esclarece. Opte por soluções seguras no transporte de bagagem, aconselha Sandra Nascimento. As caixas rígidas para colocar no tejadilho do carro podem ser uma boa solução.
Se vai viajar de carro:
Cada criança deve ocupar um lugar e as mais pequenas não devem nunca ser transportadas sem sistemas de retenção (cadeirinhas e bancos elevatórios). Acondicione bem a bagagem, cuidado com os volumes soltos dentro do carro. Evite fazer a viagem nos dias de maior tráfego e durante as horas de maior calor. Vá parando regularmente para que as crianças possam correr, descansar e beber água.
No Verão, as crianças e jovens brincam mais ao ar livre e envolvem-se mais actividades que podem originar acidentes, caso não sejam respeitadas algumas normas de segurança. A saber:
Quando andam de bicicleta, skate ou quando brincam num parque infantil, as crianças devem usar calçado adequado e que proporcione um bom apoio ao pé. Nestas circunstâncias, as crianças não devem usar chinelos, que por não assegurarem um bom apoio, aumentam o risco de queda. O uso de capacete é recomendado. Os pais devem ter atenção aos fios das roupas que podem provocar estrangulamentos. Atenção às camisolas com capuz que têm fios (são, aliás, proibidas), aos lenços, e a todos os outros fios que as crianças possam usar.