Em 30 produtos testados pela associação, 18 não deviam estar à venda
O mais recente resultado dos testes a brinquedos divulgado pela Deco demonstra que o consumidor não se pode sentir seguro. A associação de consumidores revelou, esta quinta-feira, onde está o perigo.
Mais de metade dos brinquedos testados não se encontravam de acordo com as normas de segurança e constituíam, por isso, potenciais perigos para as crianças.
"De 30 brinquedos seleccionados em vários tipos de estabelecimentos, como lojas da especialidade, hipermercados e lojas chinesas, apenas 12 passaram nos testes", declarou Teresa Belchior, responsável geral por esta área e pelos testes realizados.
Os brinquedos que não passaram no teste
Desde marcas conhecidas até brinquedos de rotulagem medíocre, 18 produtos chumbaram nos testes de segurança.
Os pequenos patinhos de borracha Lucky Ducky, a boneca Aqua Pumpda marca Itsmagical, os elásticos de cabelo da Dream Dazzlers ou os carrinhos Motor Wheels da Die Cast Metal são alguns dos brinquedos que representam perigo para os mais novos.
Perigos como pequenas peças soltas, que podem ser engolidas ou provocar asfixia; brinquedos que se tornam "cortantes" porque quebram facilmente; metais tóxicos ou embalagens de plástico fino e sem perfuração ameaçam as crianças que brincam com estes produtos.
É o caso do alfabeto didáctico de madeira que, após testado, revelou farpas ou ainda da echarpe de penas da Dream Dazzlers. Este acessório composto por material que facilmente se solta é, ainda, altamente inflamável - arde de forma tão rápida que uma criança não teria tempo de a tirar do pescoço.
"Segundo a lei, na proximidade de chamas os produtos para crianças devem auto-extinguir o fogo, pois em caso de acidente a capacidade de reacção das crianças é menor do que a dos adultos", explicou Teresa.
Foram também encontrados brinquedos com pilhas acessíveis, que constituem num duplo perigo, visto que se tratam de peças pequenas e ao mesmo tempo de materiais tóxicos. Foi dado como exemplo um telemóvel de brincar cujo compartimento da bateria podia ser aberto com facilidade, devido à falta de parafuso.
Teresa Belchior comentou que "muitos fabricantes acabam por não cumprir as normas de segurança, para conseguirem poupar dinheiro na produção dos brinquedos".
"Rotulagem do faz de conta"
Para além dos materiais perigosos para a saúde, foram ainda identificados vários produtos cujas informações estavam ilegalmente incompletas. Não indicavam a idade mínima recomendada, não tinham avisos de segurança ou as informação não estavam escritos em português.
"O respeito que os fabricantes têm pela recomendação legal é mínimo", reforçou Teresa Belchior.
É o exemplo de um conjunto de porcelana, brinquedo que pode partir-se numa queda e originar peças cortantes, mas na sua embalagem nada alerta para o facto de não poder ser utilizado por crianças. A única informação que tinha é um "+3", que pode se referir a qualquer coisa.
O que pode fazer o consumidor?
Se antes identificávamos brinquedos perigosos e nada podíamos fazer, agora a Deco Proteste vai possibilitar a denúncia destes produtos.
Graças ao formulário disponibilizado on-line no site www.deco.proteste.pt, os consumidores poderão informar sobre casos de brinquedos que representem risco para a saúde.
Por sua vez, a Deco estudará o caso e enviará a denúncia para a ASAE, que se encarregará retirar o brinquedo do mercado, caso o perigo se confirme.
Para além do site, Teresa Belchior aconselhou aos educadores verificarem "se o produto contém peças pequenas, bordos cortantes ou pontas aguçadas que possam ferir as crianças" antes de o comprar, bem como a leitura das instruções, guardando ainda o nome e morada dos fabricantes num dossier.