As crianças portuguesas são das que mais sofrem de acções de violência física ou psicológica, de acordo com o relatório da Unicef sobre o bem-estar infantil e juvenil nas economias mais avançadas do mundo. A par da Áustria e da República Checa , Portugal pertence ao grupo de países onde mais de 40% das crianças inquiridas afirmam terem sido vítimas de violência física, verbal ou psicológica por parte dos colegas, um tipo de agressão conhecida por bullying.
Na pobreza infantil, Portugal surge também no grupo pior colocado, com uma taxa superior a 15%. Não está, no entanto, sozinho. Também a Espanha e a Itália apresentam valores acima daquele patamar, o mesmo acontecendo com países anglófonos como os EUA, o Reino Unido e a Irlanda.
Segundo o relatório, cuja versão portuguesa foi ontem apresentada em Lisboa, mais de 20 mil crianças morrem anualmente nos países na OCDE, sendo que 3500 são vítimas de maus-tratos.
As mais baixas taxas de mortalidade infantil relacionadas com maus-tratos são registadas em Espanha, Grécia, Itália, Irlanda e Noruega. Para além dos maus-tratos, os factores que mais contribuem para a mortalidade infantil são sobretudo os acidentes de viação, o afogamento, as quedas, os incêndios e os envenenamentos.
O objectivo do trabalho realizado pelo Centro de Pesquisa Infantil da Unicef é o de traçar um quadro geral sobre o bem-estar da criança, tendo concluído que em todos os países mais ricos do mundo há melhorias a fazer neste capítulo.
Os países europeus são os que se destacam por obterem os melhores resultados na área da segurança e saúde infantil, em particular a Suécia, Islândia, Finlândia, Dinamarca e Holanda, que ocupam os cinco primeiros lugares.
Sobre o bem-estar educativo, a Bélgica e o Canadá lideram a tabela, enquanto Portugal, Espanha, Grécia e Itália estão pior colocados.
Em contrapartida, há mais crianças portuguesas (80%) a considerarem os pais "simpáticos e prestáveis", contra apenas 50% no Reino Unido ou na República Checa. Nos comportamentos de risco, o Reino Unido regista quase um terço de jovens que afirmam terem ficado embriagados em duas ou mais ocasiões.