Neste fim-de-semana, fomos à procura da árvore de Natal na quinta em forma de U.
— E esta? — gritou a minha mulher.
Caminhei devagar na lama gelada até ao lugar onde ela estava. Ajoelhando-me, olhei para a base da árvore.
— Querida, creio que estamos na secção das árvores antigas. Onde estão as árvores que não precisas que Paul Bunyan corte?
— Mas esta tem bom aspecto — retorquiu ela. — Vê como os ramos são macios e flexíveis, os ângulos estão em proporção e não tem nenhuma falha!
— Querida, tu procuras uma árvore, não um namorado. É demasiado grande para ser cortada.
— Mas é perfeita — insistiu.
Incrédulo, olhei para ela.
— Oh, estou a ver. A árvore não pode ter defeitos, mas não há problema se eu ficar de cama toda a semana com um ombro deslocado!?
Estava quase a vencer quando ela me fez sentir culpado.
— Não queres a melhor árvore para os teus filhos?
Olhei para os meus filhos. As agulhas dos pinheiros colavam-se-lhes ao açúcar dos rebuçados nos rostos.
— Está bem — concordei. — Mas pega no meu cartão do seguro para o caso de os paramédicos precisarem dele.
Uma hora mais tarde, a enorme árvore caiu por terra. E, pelos dois músculos deslocados e pela intensa dor de cabeça, paguei quarenta dólares!
Arrastando a árvore até ao carro, olhei para a minha mulher.
— Por que esperas? — perguntou ela.
— Por um guindaste para a levantar e pousar no tejadilho.
Depois de várias tentativas para erguer a árvore, ouvi a voz da minha filha:
— Onde está o papá?
— No chão — respondeu a minha mulher. — Ken, o que fazes aí?
— Estou a descansar — repliquei. — Quando terminarem o chocolate quente, provavelmente estarei pronto para tirar a árvore de cima do peito.
Finalmente, consegui prender a árvore ao tejadilho e regressámos a casa. O desafio seguinte era meter o enorme tronco no pequeno suporte.
— Como vai isso? — perguntou a minha mulher, entrando na garagem onde eu aparava o tronco com uma serra.
— Queres uma árvore ornamental para a mesa da sala de jantar? — perguntei. — Podia cortar o terço superior desta e deitar fora o resto.
— Para na manhã de Natal nos podermos sentar à volta da mesa e
abrir os presentes? — perguntou, sarcasticamente. — Seria engraçado. Se a colocares na mesinha-de-cabeceira, nem precisamos de sair da cama.
Quando a árvore encaixou finalmente no suporte, levei-a para a sala de estar. Ajoelhando-me ao lado do suporte, pedi à família que me ajudasse a endireitá-la.
— Que tal? — perguntei, mergulhado nos ramos da árvore.
— Um pouco para a esquerda — disseram em coro.
— Está bem?
— Para a direita.
— Assim?
— Para a esquerda.
— Está bem?
— Aí! Não te mexas! — gritou a minha mulher. — Está perfeito. Está mais direita do que nunca. Como é que conseguiste?
— Metendo, acidentalmente, a mão no suporte — respondi. — Mas deve parecer um pouco estranho, para não falar do incómodo, ficar aqui, assim, durante a nossa festa de Natal na próxima semana.
Mais tarde, nessa noite, depois de as luzes estarem presas e as minhas feridas cheias de ligaduras, a minha mulher e os meus filhos decoraram a árvore.
— Olha, o papá está a fingir que é um banco — disse a minha filha, em cima de mim, a colocar um ornamento no cimo de um ramo.
— De facto — disse a minha mulher. — Creio que o papá desmaiou.
Feliz Natal!
Ken Swarner
Jack Canfield; Mark Victor Hansen
Canja de galinha para a alma – O tesouro do Natal
Mem Martins, Lyon Edições, 2002 (adaptação)