Receio dos mais novos rapidamente se transformou em curiosidade
As crianças chegavam, receosas, com a espada ou a pistola de tantas brincadeiras na mão. Mas quando os membros da Amnistia Internacional (AI) trocavam os brinquedos bélicos por outros mais didácticos, o receio dos mais novos transformava-se imediatamente em curiosidade. Ontem, no Oceanário de Lisboa, dezenas de crianças e pais participaram na iniciativa "Vamos trocar armas por brinquedos", organizada pela AI. Para além dos peluches, animais e carrinhos de brincar que a organização tinha para oferecer aos mais novos em troca dos brinquedos de guerra, a AI e o Oceanário puseram ao dispor das crianças um ateliê de construção de brinquedos e de desenho, para além de computadores com jogos didácticos. Segundo Luísa Marques, responsável da AI, esta actividade pretende transmitir aos mais pequenos que "um brinquedo é uma reprodução de uma arma verdadeira, um objecto perigoso". Uma noção que importa passar também aos pais, responsáveis pela educação das crianças e, muitas vezes, pela compra dos brinquedos.
Esta é uma preocupação que Paula Granja tem na educação dos filhos. "Temos plena consciência de que os brinquedos de guerra não são positivos e que fazem as crianças pensar que as armas não são coisas más", diz. Foi por isso que convenceu o filho de 5 anos a deixar na caixa da AI uma pistola de água, dois bonecos e um avião de guerra. Em troca, o Daniel recebeu um cavalo desmontável e a vontade de experimentar o brinquedo novo tira-lhe a paciência para responder às perguntas colocadas pelos muitos jornalistas presentes na iniciativa. É o gosto com que o Miguel, de 6 anos, brinca às guerras, com espadas e pistolas de fingir, que mais assusta a sua mãe Paula Bernardes. "O problema é que eles não sabem distinguir se o que é verdade ou não", explica. Como a mãe lhe ensinou que "as guerras são más porque as pessoas morrem", o Miguel aceitou deixar uma pistola na iniciativa da AI. E prometeu não comprar mais.