Crianças que dormem pouco podem vir a desenvolver problemas de crescimento, com limitações ao nível cognitivo e comportamental. O alerta surge das conclusões de dois estudos recentemente concluídos, um de origem canadiana e outro realizado em Inglaterra, que tiveram como objecto de estudo a problemática do sono infantil.
A investigação canadiana centrou-se em crianças até aos três anos e meio de idade, enquanto que a pesquisa inglesa abordou jovens entre os 12 e os 16 anos, mas os resultados que ambas registaram apontam que a falta de sono pode realmente representar um atraso no desenvolvimento das crianças, podendo também originar problemas de tiróide ou depressão, aumentando ainda o risco de obesidade.
No caso das crianças até aos três anos e meio, cujo sono nocturno é inferior a 10 horas, existe uma séria probabilidade de virem a sofrer de problemas cognitivos e de comportamento quando entram para a escola, mesmo que normalizem os seus padrões de sono, pelo menos é esta a convicção do responsável pelo estudo, Jacques Montplaisir, do Centro de Doença do Sono, do Canadá.
O estudo desenvolvido no Canadá observou 1492 crianças, desde os cinco meses até aos seis anos, que foram divididas em quatro grupos: as crianças que dormem "persistentemente pouco", menos de 10 horas, as que "dormem pouco mas progressivamente mais", as "constantes nas 10 horas" e as "constantes nas 11 horas", de acordo com a informação obtida através de questionários realizados às mães.
As crianças foram submetidas a testes de vocabulário, de capacidades visuais, espaciais e motoras, sendo que os dois primeiros grupos apresentaram resultados mais negativos. Os investigadores perceberam também que a falta de sono pode conduzir à hiperactividade e impulsividade das crianças.
A investigação realizada no Reino Unido baseou-se em mil entrevistas realizadas a adolescentes, entre os 12 e os 16 anos, dois quais 33% disseram dormir apenas entre quatro a sete horas por noite e 40% admitiu sentir-se cansado durante o dia, ainda que não atribuam muita importância à duração e qualidade do sono.
"Estamos a ver surgir o sono junk, que não tem a duração e a qualidade que deveria para alimentar o cérebro com o descanso que precisa", alertam os investigadores ingleses do Sleep Council, realçando ainda a importância de reeducar para o sono de qualidade, cujo mínimo recomendado é de oito horas, sob pena de um mau sono conduzir ao aumento da obesidade, dos problemas de tiróide e das depressões.