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Há menos pessoas a adoptar crianças
23-05-2011
Público
  Há menos pessoas a adoptar crianças e a culpa pode ser do ambiente de crise

Mais um dos efeitos da crise? Ou as pessoas têm hoje mais informação e, por isso, pensam duas vezes antes de apresentar uma candidatura para adoptar uma criança? O número de candidatos à adopção baixou 28 por cento de 2008 para 2010. E este ano, até meados de Maio, entraram nos serviços da Segurança Social 242 pedidos.

Além da crise, tendência de quebra pode decorrer de outros factores (Bruno Rascão/arquivo)

É cedo para perceber se a tendência de quebra se mantém em 2011. Mas, para já, os dados fornecidos pelo Instituto de Segurança Social (ISS) mostram isto: em 2008 houve 876 candidaturas - em média 73 pessoas por mês deram início ao processo para adoptar; no ano seguinte entraram nos serviços 65 pedidos por mês; no ano passado foram já só foram 54 (num total de 628).

"A diminuição do número de candidaturas à adopção vem sendo já constatada desde 2008, pelo que a haver alguma diminuição em 2011, o que não é ainda certo, esta poderá não estar relacionada com a crise e antes ser a confirmação de uma tendência já verificada", faz saber o ISS, por e-mail.

Por outro lado, acrescenta: "Haverá que identificar como possível causa de diminuição do número de candidaturas o facto de se encontrar já em execução o Plano de Formação para a Adopção, que, proporcionando um maior conhecimento do processo de adopção, pode levar a que só formalize uma candidatura quem consciente e amadurecidamente se sinta preparado para o desafio da parentalidade adoptiva."

Acções de formação

Desde 2009 que, no âmbito do Plano de Formação para a Adopção, quem quer adoptar tem de frequentar uma primeira acção de formação. Só depois desta primeira "aula" os aspirantes a pais formalizam (ou não) a sua intenção.

Ainda antes de receberem a resposta sobre se a candidatura foi aprovada (o que, de acordo com os prazos legais em vigor, deve acontecer em seis meses) são chamados a frequentar uma segunda acção de formação. E, depois de integrados nas listas nacionais da adopção, no caso de as candidaturas serem aceites, são chamados para mais acções.

O plano - uma parceria do ISS e da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto - foi criado numa tentativa de diminuir o número de crianças que são devolvidas pelas famílias adoptantes (cerca de 20 casos por ano).

O factor económico

José Esteves de Aguiar que lida com casos de adopção e presta informação a vários casais - foi fundador de uma associação de apoio a quem quer adoptar, a Colo, que entretanto deixou de funcionar por falta de meios - não estranha os números do ISS. "Um factor que terá muita importância é a crise económica", diz.

"Tal como acontece com os pais biológicos que, perante o contexto actual, pensam duas vezes antes de ter mais um filho, ou até de ter o primeiro filho, os que pretendem adoptar também pensam duas vezes se este é o momento. O factor económico estará a levar as pessoas a adiar."

Por outro lado, continua, há alguma desmotivação: "Continuam a colocar-se muitos problemas a quem quer adoptar uma criança, o tempo de espera continua a ser muito elevado." O advogado lembra que muitos dos potenciais candidatos já passaram por processos complicados e demorados para tentar ter filhos, não conseguiram, e quando percebem que a adopção é também um processo moroso, não avançam.

Um estudo da Deco sobre a adopção, divulgado em Janeiro, revelou que os inquiridos (todos pessoas que passaram pela experiência da adopção nos últimos cinco anos) esperaram em média três anos por uma criança.


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