Portugal está entre o países com a mais baixa taxa de mortalidade em crianças menores de cinco anos, tendo até melhorado na classificação do último relatório da Unicef sobre "A Situação Mundial da Infância".
O documento, hoje apresentado em Joanesburgo, coloca Portugal na 173ª posição neste ranking, com uma taxa de quatro mortes por cada mil de crianças com menos de cinco anos.
Contudo, o relatório, que refere dados de 2007, revela que não se registou nesse ano qualquer morte de crianças menores de cinco anos em Portugal.
No mesmo grupo de Portugal estão outros 16 países, entre os quais Alemanha, Dinamarca, Espanha, França, Japão e Noruega.
No ano passado, o relatório da Unicef colocava Portugal na 167ª posição, com uma taxa mortalidade de cinco crianças menores de cinco anos por cada mil.
Em 2006, pela primeira vez na história recente, o número de mortes anuais de crianças menores de cinco anos no mundo inteiro foi inferior aos 10 milhões, situando-se nos 9,7 milhões. Este valor representa uma redução de 60 por cento da taxa de mortalidade na infância em relação a 1960.
O relatório deste ano revela ainda que Suécia, Andorra, Singapura, Islândia, Liechtenstein e Luxemburgo são os países com a taxa mais baixa: três crianças por cada mil.
Em oposição, a Serra Leoa está no topo da lista, registando uma taxa de 262 mortes até aos cinco anos por mil.
Em termos de indicadores básicos, Portugal, país onde a expectativa de vida é de 78 anos, tem ainda uma taxa de mortalidade de bebés menores de um ano de três em cada mil, um valor também muito baixo, segundo o ranking da Unicef.
A edição de 2009 da publicação da Unicef "A Situação Mundial da Infância", hoje apresentada em Joanesburgo, destaca que a mortalidade infantil é um indicador importante do desenvolvimento dos países e uma evidência das suas prioridades e valores.
Investir na saúde das crianças e suas mães é para Unicef não só primordial do ponto de vista dos direitos humanos, como também é uma decisão económica sensata e uma das formas mais seguras para que os países apostem no futuro.
A Unicef é uma agência das Nações Unidas financiada por contribuições voluntárias de particulares, empresas, fundações e governos dedicada às crianças e jovens. Está no terreno em mais de 150 países e territórios.
Conquistada uma posição cimeira na saúde materno-infantil, Portugal deve agora apostar na humanização do parto, defende Purificação Araújo, ginecologista e uma das fundadoras da Unicef portuguesa.
"Agora queremos mais qualidade nos serviços, maior humanização do clima técnico de um hospital que passa, por exemplo, pelo acompanhamento por um familiar", disse.
Este é, segundo Purificação Araújo, o caminho certo e não o regresso aos partos em casa como "algumas correntes têm vindo a defender".
"Qualquer parto tem de ser feito num local onde seja assegurado que perante qualquer complicação existe capacidade para uma intervenção cirúrgica rápida", disse.
O perigo em obstetrícia, frisou, surge de um momento para o outro e quando surge é sempre grave.
Há pouco mais de 30 anos, explicou, morriam em Portugal 42,9 em cada 100 mil mulheres por complicações relacionadas com a gravidez e o parto, enquanto a mortalidade infantil era de 38,9 por mil nados vivos.
Já no que respeita a mortalidade materna, a Unicef aponta agora para 8,0 (número anual de mortes de mulheres causadas por complicações decorrentes da gravidez, por 100 mil partos de crianças nascidas vivas).
Segundo Purificação Araújo, Portugal teve uma recuperação "fantástica" em pouco mais de 30 anos. O problema foi estudado e foram estabelecidas políticas de saúde com objectivos bem definidos.