O velho "remédio" de tratamento da tosse nas crianças com mel ao deitar pode ter mais eficácia do que muitos xaropes vendidos nas farmácias, segundo estudo publicado na revista "Pediatrics and Adolescent Medicine".
O estudo, realizado por investigadores da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, demonstra que uma pequena dose de mel, tomada antes de dormir, alivia a tosse nocturna e proporciona uma maior qualidade ao nível do sono.
Os investigadores compararam a eficácia do mel com a ausência de tratamento e, também, com o tratamento com dextrometorfano (DXM), um composto supressor da tosse que é a substância activa de muitos xaropes não sujeitos a receita médica.
Os investigadores, chefiados por Ian Paul, constataram que o mel foi mais eficaz do que a administração de DXM na redução da gravidade, frequência e intensidade da tosse nocturna, originada pela infecção das vias respiratórias superiores.
O estudo constatou ainda que a administração de DXM não teve mais efeitos do que a ausência de tratamento no alívio dos sintomas.
O mel tem um efeito positivo na qualidade do sono das crianças e dos pais.
O estudo incluiu 105 crianças com tosse entre os dois e os 18 anos.
Na primeira noite não foi administrado qualquer tratamento às crianças, tendo sido feitas cinco perguntas aos pais relativamente à tosse e à qualidade do sono das crianças e do seu próprio descanso.
Na noite seguinte, as crianças foram separadas em três grupos: o primeiro grupo tomou mel meia hora antes de se deitar, o segundo tomou DXM com sabor a mel e o terceiro não fez qualquer tratamento.
Ao analisarem as respostas das mesmas cinco perguntas na manhã seguinte, os investigadores verificaram que os pais das crianças que tinham tomado mel referiram que os filhos tinham apresentado melhorias visíveis, quer a nível da tosse quer na qualidade do sono.
A Direcção de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) recomendou, recentemente, que as crianças com menos de seis anos não tomassem xaropes para resfriados e tosse, sem receita médica, já que a eficácia do tratamento é reduzida, além de possíveis efeitos secundários nocivos.
Num estudo publicado em 2004, a equipa de Ian Paul já tinha demonstrado que nem o DXM, nem a difenhidramina, outro componente comum nos xaropes para o resfriado, apresentavam melhores resultados do que um placebo na redução da tosse nocturna.
O mel foi utilizado pelas populações, durante séculos, para tratamento dos sintomas ligados à infecção das vias respiratórias superiores e da tosse, sendo considerado seguro para crianças com mais de um ano de idade.
O mel tem feitos antioxidantes e anti-microbianos que podem explicar, também, a sua acção no tratamento de feridas.
Em contacto com corpo, o mel suaviza o que pode explicar o seu efeito sobre a tosse, indicou recentemente a Organização Mundial de Saúde (OMS).