A criança deve aprender várias línguas em simultâneo, estimulada por jogos e programas didácticos, segundo um estudo do investigador Alberto Sousa apresentado hoje no âmbito do 1º congresso internacional sobre Arte, Cérebro e Linguagens.
"Considera-se a educação não como uma transmissão do saber, mas como uma formação do ser, onde todas as programáticas são objectivadas para o desenvolvimento das capacidades da criança", referiu Alberto Sousa, investigador da neuropsicologia da linguagem.
O método criado por Alberto Sousa, que se baseia na neuro-psicolinguística, sugere a abordagem em simultâneo das línguas portuguesa, francesa, inglesa e alemã.
Inicialmente, as crianças são estimuladas ao desenvolvimento das capacidades audio-linguísticas, e depois à apreensão e compreensão do vocabulário, avançando em seguida para a "interacção multilinguística".
Segundo as investigações mais recentes na área da linguística, quanto mais precoce for a aprendizagem de uma língua melhor será o seu domínio, indicando que a aprendizagem terá ainda maior sucesso se as línguas forem ensinadas em simultâneo.
A educação pela arte deu assim expressão a novas metodologias de ensino das línguas que Alberto Sousa apresenta no seu estudo designado "Método Multilinguístico de Iniciação à Leitura-Escrita".
"A expressão dramática é diferente de teatro, a expressão musical é diferente de ensino de música, a expressão plástica é diferente de desenho ou pintura e a dança educativa nada tem a ver com ballet. As primeiras pertencem à educação e têm por objectivo a criança. As segundas pertencem ao mundo do espectáculo e têm os espectadores como objectivo", explicou.
O Colégio Minerva de Setúbal pôs em prática as sugestões de Alberto Sousa, realçando o aspecto lúdico em aula, ao utilizar dramatizações, brincadeiras gestuais, jogos com cartões e software interactivo.
"A criança, individualmente e sob a relação transaccional de carinho do professor, aprende a ler simultaneamente em quatro línguas, praticando uma série de jogos e programas interactivos no computador", disse Maria Helena Maduro, directora do centro de investigação pedagógica sobre aprendizagem integrada do colégio Minerva.
"A escrita segue-se a cada lição, começando com letras recortadas, passando para o computador, para o quadro, em papel branco e, depois em papel pautado", acrescentou.
Para Maria Maduro, "os resultados dos exames orais realizados por professores de português, francês, inglês e alemão têm mostrado a eficácia do método e as informações dos professores indicam um grande interesse e empenhamento por parte dos alunos".
Na apresentação de hoje Alberto Sousa deu a conhecer também novas áreas pedagógicas de educação pela arte que propõem que a criança pratique dança educacional pré-natal, neo-natal e faça jogos de cálculo mental "antes de aprender a ler e a fazer contas com papel e lápis".
Para aprofundar o seu contacto com as ciências da natureza a criança "deve acampar no campo, na orla marítima ou na montanha, para satisfazer o natural apelo da natureza através de explorações e observações da fauna e da flora, com os pais".
Esta estimulação de valores "deve ser feita com a criação de climas de vivência de valores em casa e na sala de aula e algumas actividades para incidir sobre os valores práticos, hedónicos, estéticos, morais, sociais e espirituais", referiu Alberto Sousa.