Estima-se que 20% da população pediátrica tem cefaleias crónicas, sendo as causas mais frequentes a enxaqueca e cefaleias de tensão.
De acordo com Ana Serrão Neto, coordenadora de pediatria do hospitalcuf descobertas, "habitualmente a tendência é para pensar que a criança não tem idade para ter cefaleias, que é nova demais". Porém, algumas crianças têm cefaleias muito antes da idade escolar e provavelmente antes de saberem falar, numa altura em que o seu mal-estar se traduz apenas por irritabilidade, choro inexplicado, diminuição atividade, falta de apetite ou vómitos".
"Ao contrário dos adultos, na enxaqueca da criança é menos frequente ou mais difícil de pôr em destaque a típica localização, atingindo metade da cabeça ou o carácter pulsátil. Muitas vezes a dor é bilateral, na região anterior da cabeça ou atrás dos olhos.
Algumas crianças, como os adultos, podem sentir uma "aura" precedendo a dor, constituída por sintomas visuais, entre as quaisperceção de luminosidade, cores, linhas quebradas, manchas negras", explica José Carlos Ferreira, neurologista.
Na origem destes problemas podem estar aspetos como as preocupações com a imagem corporal, uma personalidade perfeccionista ou a exigência excessiva imposta pela própria ou pelos pais.
O primeiro passo do tratamento é evitar os fatores que desencadeiam a crise. O uso de analgésicos comuns é muitas vezes eficaz nas crianças e, por vezes, constitui mesmo o único tratamento necessário para reduzir as enxaquecas. Nas cefaleias de tensão o mais importante é a prevenção, aliviando a pressão e procurando uma atividade lúdica regular.
"Quando a história dos sintomas ou dados da observação deixam dúvidas sobre a possibilidade de uma doença do cérebro, o que acontece em menos de 5% dos casos, alguns exames podem diagnosticá-la", conclui o neurologista pediatra.