A grande maioria (perto de 70%) das perícias sobre abusos sexuais, realizadas pelo Instituto Nacional de Medicina Legal (INML), é feita a crianças e jovens, de acordo com os dados oficiais. "De facto, nos adultos, só há procedimento pericial se houver denúncia da agressão de natureza sexual", explicou o presidente.
No ano passado, o INML realizou quase 1.300 exames de sexologia forense, sendo que cerca de 900 do total foram feitos a menores de 18 anos, o que não significa que a maioria dos crimes sexuais afectem crianças ou jovens, ressalvou Duarte Nuno Vieira, em declarações à rádio TSF.
Para o responsável, os números são justificados pelo facto de o crime de abuso sexual a menores ser considerado crime público e, portanto, poder ser participado por qualquer cidadão, seja médico, professor ou educador de infância. Segundo Duarte Nuno Vieira, o caso Casa Pia levou a que as pessoas estejam mais atentas e, portanto, ao mínimo sinal, algumas vezes não justificado, participam o caso.
Em relação aos adultos, a situação é diferente, uma vez que a violência sexual tem de ser participada pela própria vítima e, muitas vezes, trata-se de mulheres violadas pelos próprios maridos, como parte da violência doméstica, explicou. "O que a experiência mostra, a nível internacional, é que 50 a 90% das situações de agressão sexual nos maiores não são objecto de participação judicial", revelou.