Dez por cento das crianças dos países ricos sofre maus-tratos, mas apenas um em cada dez casos é investigado e provado.
A conclusão é de um estudo realizado por investigadores de universidades britânicas e norte-americanas, que compilaram vários estudos efectuados em países de rendimentos elevados - Europa Ocidental, América do Norte, Austrália, Nova Zelândia e Japão.
Os maus-tratos são definidos pelos investigadores como acções ou inacções de pais ou cuidadores de crianças que causam danos, possam causá-los ou ameacem fazê-lo, mesmo sem intenção. O conceito abrange ainda os menores testemunhas de actos de violência íntima, sejam comportamentos ameaçadores a violência ou abusos entre adultos que são ou foram companheiros íntimos ou membros de família.
Ruth Gilbert, perita do University College of Londres, revela que cerca de uma criança em cada dez sofre anualmente alguma forma de maus-tratos, um número muito aquém das estimativas oficiais, que indicam um valor entre os 1,5 e cinco por cento.
Segundo Cathy Sptaz, da City University de Nova Iorque, quatro a seis por cento das crianças sofre abusos físicos no conjunto dos países ricos, enquanto que os abusos psicológicos atingem cerca de 10 por cento e o abandono (a falta de cobertura das necessidades físicas, emocionais, médicas e/ou educacionais) afecta entre 1 e 15 por cento da população infantil.
O estudo publicado hoje pela revista médica britânica "The Lancet" revela ainda que, pelo menos, 15 por cento das raparigas e cinco por cento dos rapazes foram expostos a algum tipo de abuso sexual, que vai desde mostrar a menores material pornográfico até violação com penetração até aos 18 anos.
Segundo os investigadores, exceptuando os abusos sexuais, a maioria dos maus-tratos são infligidos pelos próprios pais.