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A auto-estima
Outubro, 2007
Teresa Paula Marques - Psicóloga Clínica
www.teresapaulamarques.com

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  Vamos formando desde muito pequenos, os alicerces daquilo que será o nosso auto-conceito, ou seja, a opinião que temos acerca de nós próprios.   Este julgamento, está depois associado à construção da auto-estima o que, no fundo não é mais do que gostarmos daquilo que somos ou, pelo contrário, estarmos completamente insatisfeitos. Certo é que uma auto-estima positiva permite que se corram riscos com vista a alcançar os objectivos traçados. A pessoa acredita em si própria, nas suas capacidades e considera que é capaz de lá chegar. Por sua vez, uma auto-estima negativa não é facilitadora do sucesso, pois não há energia suficiente para arriscar e a derrota surge mesmo antes de qualquer tentativa.

  Como se constrói a auto-estima?

  Não será abusivo dizer-se que a auto-estima começa a construir-se ainda durante a gestação. A felicidade com que a gravidez é vivida, será porventura um passo importante para que o bebé se sinta amado e desejado pela mãe, logo desde os primeiros momentos de vida. O carinho com que se apreciam as primeiras gracinhas, transmite uma apreciação positiva que o bebé vai reter. De facto, as pessoas importantes e significativas, como o pai e a mãe, são as principais responsáveis pela construção da imagem que temos de nós próprios. As primeiras mensagens que recebemos quando crianças, são fundamentais para a construção da auto-estima. Frases como "não prestas para nada", "és burro" ou "és feio", ainda que sejam ditas sem intenção, vão fragilizar a auto-estima, porque em idades muito precoces não existe capacidade para questionar aquilo que um adulto diz (ainda mais se o adulto é alguém que gostamos e respeitamos). A este propósito, Steve Biddulph, um psicólogo americano, fala em sementes lançadas à mente. Segundo este autor, se crescermos a ouvir ideias negativas acerca de nós próprios, acabamos por ser programados por elas e assim caímos nas profecias auto-realizáveis, ideias que tanto foram pronunciadas que acabaram por se tornar verdadeiras. Todos nós já ouvimos adultos a dizerem coisas do tipo "até o meu pai me disse que eu nunca seria alguém na vida" e, se para alguns esta ideia serviu de impulso para tentarem vezes sem conta, para a maioria das pessoas o que se passa é que a auto-estima fica tão fragilizada que não permite arriscar e, por isso mesmo, a profecia realiza-se.

  A escola

  O momento do ingresso na escola constitui uma fase crítica para qualquer criança. Até então, ou esteve a cargo dos avós que a mimaram, ou então frequentou o ensino pré-escolar onde a brincadeira reinava. De repente tudo muda. As exigências começam a aumentar e o sucesso nem sempre marca presença. A escola é, então, um palco privilegiado para a fragilização da auto-estima. Castigos, chamadas à atenção em público por parte dos professores, são atitudes, infelizmente muito comuns. É compreensível que os professores não tenham disponibilidade para dar atenção individualizada uma vez que se encontram perante uma turma de muitos alunos, mas existem sempre maneiras de contornar esta questão. Por seu turno, os colegas também não facilitam e não é de espantar que uma criança se veja colocada de lado pelos seus pares, apenas por ser mais tímida ou mais desajeitada nas tarefas. Este problema é mais notório quando se coloca a hipótese de trabalhos de grupo, ou jogos em equipa. Existe sempre alguém que fica até ao fim sem ser escolhido o que é bastante penoso. Certo é que a situação pode alterar-se ao longo da vida e muitos patinhos feios se transformam em cisnes, mas essa não é a regra mas sim a excepção, pelo que todos os educadores se devem manter atentos a esta questão.

  A família

  Mais do que a escola, é na família que se constrói toda a estrutura emocional. Assim sendo e porque falamos de auto-estima, cabe aos pais a tarefa de refrearem um pouco as expectativas e não esperar que os filhos sejam irrepreensíveis em todas as áreas. Aceitar as falhas como uma contingência natural da idade, tanto ao nível da escola, como da vida familiar e, sobretudo, perceberem que é preciso fornecer apoio a seguir a cada falha por forma a recuperar a confiança perdida. Outro dos aspectos muito importantes tem a ver com as comparações. Comparações com os outros exteriores à família e também com irmãos, primos, etc. As comparações, sobretudo quando se tratam de características incontornáveis como a beleza ou as capacidades cognitivas, apenas fragilizam e nada contribuem para um crescimento emocional equilibrado. Pode ser que uma criança tenha pouca beleza, ou as notas não sejam brilhantes mas haverá sempre algo a valorizar, alguma qualidade para acentuar. Alguns têm mais aptidões físicas, outros são mais dados a tarefas intelectuais e, outros ainda, é nas artes que conseguem sobressair. Há que procurar e encontrar os focos em que cada criança pode ser bem sucedida e explorá-los por forma a fortalecer-lhe a auto-estima.

  Algumas sugestões para fortalecer a auto-estima

  Valorize os aspectos positivos - tudo tem um lado bom e outro mau. Reconheça e aceite essa realidade mas elogie os aspectos positivos do seu filho, por forma a que ele sinta que vale a pena mostrá-los.

  Elogie - o elogio é um sinalizador positivo fundamental para o fortalecimento da auto-estima.

  Ensine-o a aceitar os fracassos - o insucesso faz parte da vida e deve ser encarado como algo natural. Aceitar as falhas é também ter capacidade de pensar sobre elas e procurar fazer mais e melhor.

  Demonstre os afectos - um carinho ou um gesto de aprovação fazem verdadeiros milagres. As crianças alimentam-se destes pedaços de ternura, pelo que é importante que os manifeste.

  Procure encontrar áreas em que o seu filho é bem sucedido e explore-as. Imagine, por exemplo, que ele é bom nadador. Então porque não o inscrever na natação, por forma a aperfeiçoar essa aptidão ?

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